Cetrans



O Boletim Informativo No 12 que agora voce recebe é inteiramente dedicado ao processo coformativo do IV Encontro de Membros do CETRANS, realizado de 22 - 25 deste mes de março e cujo tema foi Transdisciplinaridade e esta estranha ideia do Belo.  Esta imersao foi de intensas e prazerosas atividades, distribuídas em 52 horas pelas manhas, tardes e noites, além das vivencias ocorridas em sonhos. Uma vez que arte e comunicaçao representam dois conceitos inseparáveis, é nossa intençao aqui comunicar alguns registros narrativos e de imagem deste Encontro que, em alguma medida, se demonstrou de valor transformativo para cada um dos participantes.

Este evento imaginado no início de 2011 e cuidadosamente elaborado desde entao, se propunha a: ser concebido dentro do paradigma transdisciplinar; abordar o tema em diferentes níveis de realidade nao absolutivizando nenhum deles em detrimento do outro; buscar rigor epistemológico; oferecer vivencias; abrir espaços para diálogo e interpretaçao; articular contemplaçao, apreciaçao da Beleza e criaçao espontânea; integrar lúdico criativo e formativo visando nao perder o fio  inspirador já contido na própria palavra transdisciplinaridade  e,  assim, conseguir  contribuir para a emergencia do sujeito.

Belo, como aquilo situado do outro lado da realidade que precisamos confrontar; Beleza, como verdade e razao imanentes as formas expressivas da arte; Arte como atividade criativa; Estética como ciencia da sensibilidade - foram abordados e vividos.

 

Notas e Informações

Participantes do encontro

Participaram do IV Encontro:


Adriana Caccuri, Ana Karina Sousa, Almir Paraca Cardoso, Amarilis Gonçalves, Américo Sommerman, Dalva Alves,  Ideli Domingues, Élida Cabarcos, Fábio Alexandre Oliveira Ma da Glória Silva Rabelo Cardoso, Kimiko Shimabokuru,  Lali Jurowski, Lilia Toledo Dinis, Marisa Murta,  Patrick Paul, Silvia Fichmann, Valéria Menezes, Maria F. de Mello, Vera Lucia Laporta, Leeward Wang, Vitória M de Barros e Vinicius Santos Almeida.

Em 22/03 − quinta-feira

Ação 1 − Atelier de Sensações
Este atelier teve por objetivo sensibilizar os participantes para os temas que seriam tratados nos dias subsequentes. O Atelier, mediado por Vera Laporta, foi constituído por três estações de sensações, usando diferentes formas, a fim de suscitar a produção de trabalhos expressivos.

1ª Estação: Luz, Caleidoscópios & Mandalas

... “Quando se fala numa bela luz é porque ela faz cintilar as coisas que ilumina, torna um céu mais azul, as árvores mais verdes, as flores mais coloridas, as paredes mais douradas, as faces mais brilhantes. A luz só é bela se refletir. É através dos vitrais ou dos arco-íris que podemos admirar melhor a beleza da luz. O mesmo se dá com o pôr do sol.” CHENG

2ª Estação: Releituras de obras de Paul Cézanne

... “Com Cézanne, a beleza é formada de encontros em todos os níveis. No nível da natureza representada é o encontro do escondido com o manifesto, do movediço com o parado; no nível do agir do artista, é o encontro das pinceladas contrastantes, das cores aplicadas.”. CHENG

”Desse encontro, se ele for profundo, nasce algo diferente, uma revelação, uma transfiguração como um quadro de Cézanne, nascido do encontro do pintor com (o monte) Santa Vitória”. CHENG

3ª Estação: O saber / o sabor – expressão escrita a partir de sensações experimentadas

... “Beleza é verdade, e verdade, beleza. Tudo que se sabe na terra; é preciso que se saiba”. CHENG
... “O universo assemelha-se a um corpo cuja cabeça está no céu e os pés na terra. De maneira idêntica, o corpo humano tem seu céu e seus astros, mas o corpo vive através da alma. O olho, o ouvido, a língua vivem, veem, escutam, falam, sentem cheiros graças à alma. A visão, a clareza, a vida, as faculdades da percepção: tudo vem da alma”. CHENG

Ação 2 − Leitura e reflexão sobre o texto: Idealismo e Realismo

Existem duas grandes teorias das formas de pensar e conhecer o mundo e os objetos que nos cercam: Idealismo e Realismo. Eis como minimamente diferenciá-las:


IDEALISMO: afirma que todo conhecimento verdadeiro se apoia nas Ideias que são entidades intelectuais, conceitos (formas abstratas, representações mentais). Assim, o conhecimento a respeito das coisas que aparecem para nós, na nossa experiência sensual (material concreta), não acontece pelas impressões sensíveis, mas porque compreendemos os conceitos que as designam.

REALISMO: afirma que em todo conhecimento verdadeiro a representação do objeto coincide com a própria natureza do mesmo e não está fundada num conceito, mas o próprio conceito se forma pelas impressões que são deixadas no nosso aparelho cognitivo. Os realistas consideram que as formas não existem fora das suas encarnações físicas e só as conhecemos através dos cinco sentidos. Para os realistas as formas não existem fora da existência concreta e é o espírito humano que consegue abstraí-las.

Em 23/03 − sexta-feira

Ação 3 − Atividade meditativa:

Mediado por Amarilis Gonçalves

Foco do exercício: “Só podemos oferecer aquilo que recebemos”. Conscientização corporal. Pequenos gestos: abertura, acolher/receber, oferecer/desapegar-se.

Tema nuclear: “O que foi dito à rosa que a fez abrir, foi dito para mim aqui no peito...” Rumi. A partir do texto da Quarta Meditação do Cheng sobre a cosmologia chinesa, baseada na ideia do Sopro, matéria e espírito foram trazidas ressonâncias desta visão com outras tradições sapienciais, dentre elas com o mais belo canto de Salomão, com o diálogo de Jesus com a samaritana. Foi lembrado que é possível fazer uma experiência do sagrado por meio da conscientização do Sopro que nos sustenta, atravessa, e nos une a toda criação.

Prática meditativa: Conhecer a respiração. Aprender a controlá-la, aprofundá-la. Adotar a boa postura, ser como uma poltrona para a Presença. Meditar no sopro, na vigilância. Conscientizar-se que a cada respiração é possível fazer a experiência de unidade com a Vida. Silêncio.

Ação 4 − O Belo na Filosofia

A partir de quatro textos que localizavam o pensamento dos filósofos Platão, Aristóteles, Kant e Hegel foi discutido o Belo, a Beleza, a Arte e a Estética. A dinâmica aconteceu em três momentos: 1) constituição de quatro grupos, sendo que cada grupo discutiu um filósofo; 2) relato de cada grupo; 3) discussão grupal sobre as apresentações de cada grupo.

Ação 5 − Vivências de um artista


Bertrand-Jean Redon, conhecido como Odilon Redon (Bordeaux, 20 de abril de 1840 — Paris, 6 de julho de 1916), retratado no filme “Redon - Pintor dos Sonhos”, foi um pintor e artista gráfico francês, considerado como um das mais importante expressões do Simbolismo, por ser o único que soube criar uma linguagem plástica particular e original.
Artista secreto, pintor de mistérios e revolucionário para sua época, podemos defíni-lo também como o pintor da luz, do calor e da serenidade que ele atinge na meia idade, depois de muitos eventos trágicos e de uma infância difícil.

“O artista vem para essa vida para uma realização que é um mistério. Ele é um acidente. Ninguém espera vê-lo no meio da vida social”. REDON

Ação 5 − 4ª Meditação sobre a Beleza

O artigo acima nomeado foi enviado aos participantes para ser lido previamente de forma a criar um denominador comum entre eles sobre a temática a ser explorada durante o Encontro. Eis uma gota da obra de François Cheng parte do livro Cinq Méditations:

"Acrescentemos que essa beleza, na qualidade de valor absoluto, não é absolutamente um astro inacessível suspenso num céu ideal. Ela está ao alcance do humano, mas se situa, já dissemos, bem além de um estado ordinário de deleite e de “bons sentimentos”. Ela subentende o envolvimento com o sofrimento do mundo, a extrema exigência de dignidade, de compaixão e de espírito de justiça, assim como a abertura total à ressonância universal. Essa exigência e abertura implicam, da parte daquele que procura, um esforço para cavar dentro de si a capacidade para a receptividade e para a acolhida, a ponto de tornar-se “a ravina do mundo”, de se deixar queimar por uma luz fulminante. Só essa luz é capaz de derrubar os farrapos que se acumulam no corpo e no espírito; ela é a condição necessária para o advento de uma autêntica abertura."

Ação 6 − Expressões Espontâneas sobre o dia

Relato de Maria da Glória S. R. Cardoso:

A arte como forma de apreensão e manifestação do mundo interior em detrimento do mundo exterior. Quando o existir é uma realidade sofrida e fragmentada, a alma se torna prisioneira da existência, não há liberdade para a elaboração da realidade sob seus vários aspectos. Há num único fragmento, o abandono, não permitindo a luminosidade nem a cor, não há reflexo da vida sob o prisma da alma.

Há desorganização dos sentidos, o mundo é apreendido através do sofrimento e da dor, que fazem sentido neste momento do existir. Os fatos são compreendidos sob o prisma preto e branco, é preto no branco e ponto. Não há luminosidade no ser que possa extravasar a cor. Não há outra possibilidade na travessia da existência prisioneira da caverna da alma.

Até que se permita vislumbrar a luz que vai iluminando aos poucos, até que o prisma traga o colorido, até que o sofrimento possa ser reelaborado, agora sob o colorido da vida que passa a dar um sentido além da dor. A dor é o fragmento não a essência, a dor é um filamento do prisma que precisa girar, ela precisa acrescentar para fazer sentido. O prisma é a vida, a luz é que dá sentido ao prisma, e como o prisma, a nossa alma precisa contemplar a luz, que se torna bela em nós. Esta beleza cria um campo maior do que a própria alma, que envolta resplandece e se joga para fora.

O existir interior se manifesta no exterior através da cor, através do brilho, através das formas e do perfume, às vezes uma obra de arte exala o perfume da sua essência no Belo, nos fazendo suspirar e sentir a presença de uma inspiração maior.
Na essência da vida há opostos que precisam se complementar e, a complementaridade é que dará o sentido. Aquilo que pode ser compartilhado, dividido é que torna a existência verdadeira.

A cor precisa reluzir e não se ofuscar em si mesma, a magnitude está na manifestação. Às vezes precisamos nos isolar para depois apresentar nossa luz ao mundo “Acender o candeeiro e colocá-lo sobre a mesa e não sob a mesa”.

O sentimento de pertencimento é que torna nossa existência colorida. Analogamente quatro verbos nos remetem à reflexão do belo manifestado:

SER -> ESTAR -> FAZER -> TER (nessa ordem há um alinhamento)

“Se não consigo, agonizo”, não compreendo os vários níveis da existência, não há brilho, não há cor...


Ação 7 − Leitura Dramática da peça teatral de Bertold Brecht : Aquele que diz sim/Aquele que diz não

Em 24/03 − Sábado

Ação 8 − Atividade meditativa

Mediado por Amarilis Gonçalves

Foco do exercício: “Visto que vós não tendes um olhar suficientemente puro para ver minha beleza sem intermediário nem acompanhamento, eu me mostro a vós por meio de formas e véus...” VALAD

Tema nuclear: Apresentação da Filocalia, amor pela beleza, convite à transformação do olhar: reencontrar o olhar inocente, que se encanta, que abençoa, que agradece, que celebra. Despertar a pureza do olhar por meio da meditação do coração. Perceber que no sopro está o nome de Deus, encontrar a invocação justa. Meditar evocando e invocando o seu Nome. Deixar ser Aquele que é.

Pratica meditativa: silêncio

Ação 9 − 5ª Meditação sobre a Beleza

Continuação da exploração de mais um artigo do François Cheng. Aqui, mais uma gota desta preciosidade:


"Numa pintura a paisagem que o artista revela com seu pincel pode ser altiva ou atormentada, compacta ou etérea, banhada em claridade ou penetrada de mistério. O importante é que a paisagem seja mais do que uma simples dimensão da representação e que aconteça como uma aparição, uma chegada. Chegada de uma presença – não no sentido figurativo ou antropológico da palavra – que podemos ressentir ou pressentir, a presença do espírito divino. ... Quando diante de uma cena da natureza, uma árvore com flores, um pássaro que voa cantando, um raio de sol ou um luar que ilumina um instante de silêncio, subitamente passamos para o outro lado da cena. Encontramo-nos do outro lado da tela dos fenômenos e experimentamos a impressão de uma presença que se desloca de nós, que vem em nossa direção, inteira, indivisível, inexplicável e, no entanto inegável, como um dom generoso que faz com que tudo esteja aí, milagrosamente aí, difundindo uma luz com cor de criação, murmurando um canto nativo de coração para coração, de alma para alma."

Ação 10 − O Belo no Movimento

Mediado por Ideli Domingues

Painel coletivo: Traços Vitrais   Painel coletivo: Simplicô

Esta produção coletiva pictórica foi criada pelas participantes divididos em dois grupos após sensibilização através de dança, repouso e meditação.

Ação 11 − O Belo: Reflexão e Investigação

Diálogo sobre o processo vivenciado na Ação 10.

Ação 12 − O Belo no Gesto – A Cerimônia do Chá, o Chanoyu

Mediado por: Kimiko Shimabokuru e Lilia Toledo Dinis

Esta cerimônia tem como objetivo a reunião de pessoas, do anfitrião e seus convidados, para celebrar, mais do que o ato de servir o chá, a comunhão espiritual profunda e a contemplação silenciosa das paisagens dos jardins, dos utensílios do chá - que em geral são cerâmicas artesanais belíssimas -, das pinturas, dos arranjos florais.

Essa é uma forma composta de arte criada pelo refinamento do costume chinês de se beber o chá associados a Filosofia Zen que deu a essa cerimônia muitos símbolos e rituais. Portanto, essa é uma cerimônia que vai muito além do simples costume de beber chá relaxadamente com convidados e amigos e, que, quando preparado pelo próprio anfitrião, sinaliza um desejo de aprofundar os laços de amizade entre os presentes.

Cada cerimônia é uma experiência única com sua atmosfera singular que não pode ser replicada e o mestre Takeno Joo nos dizia que ela é "a única chance na vida de uma pessoa". Os que a praticam o fazem como uma forma de meditação e como meio de alcançar uma disciplina da mente procurando a perfeição na imperfeição, isto é, praticando a cerimônia visando uma perfeição dos gestos, mas sabendo que dificilmente se pode alcançá-la.
Foi uma experiência única que aprimorou nossa sensibilidade, nos fez experimentar um sentimento de compartilhar a amizade dos que ali estavam e nos abriu uma nova perspectiva de contemplação da beleza.

Ação 13 − Show musical CARA O QUE?

Esta atividade lúdica formativa propiciou momentos de descontração, de humor, de revelação de talentos e de liberdade de expressão. Nela foi trabalhada a possibilidade de vestir uma nova personagem e compreender a mensagem que ela quer deixar. Ela permitiu também uma reflexão sobre a questão da identidade, sobre nossa própria identidade, como ela se comunica e como ela quer se comunicar.

Em 25/03 – Domingo

Ação 14 − Atividade meditativa

Mediado por Amarilis Gonçalves

Foco do exercício: “Aquele cuja beleza é tamanha que todos o invejam, esta noite veio chorando pelo meu amor...” Rumi

Tema nuclear: Impregnar as técnicas de meditação com amor, Bhakti Yoga. Cultivar a devoção por meio do canto espiritualizado. Om, o som que sustenta toda a criação. A respiração, cordão que liga a alma ao corpo. Fazer pausas controladas na respiração, descobrir a vontade de não respirar, mergulhar profundamente nesse silêncio.

Prática meditativa: silêncio

Ação 15 − Tessitura CETRANS

Foi apresentada nos seguintes ítens: 1) a composição de seus membros ativos; 2) seus recursos de comunicação; 3) a sala CETRANS, enquanto espaço para formação transdisciplinar, gestão compartilhada e confraternização de membros; 4) Atividades de Membros; 5) Agenda de Atividades do 1º semestre de 2012.

Ação 16 − Ações de Membros e Projetos prospectados



Os seguintes membros detalharam as ações fundamentadas na transdisciplinaridade que estão desenvolvendo, a saber:

Adriana Caccuri – A Cia de Aprendizagem. O Livro n-1

Almir Paraca – Projeto Urucuia Grande Sertão

Americo Sommerman, Marisa Murta e Patrick Paul – Curso: Pensamento Transdisciplinar e Saúde

Silvia Fichmann – Fórum no Portal do Professor do MEC

Vitoria M. de Barros e Maria F. de Mello – Curso: The Meaning of Life

Ação 16 − Retorno reflexivo

Relato de Élida Cabarcos:

Todos que estamos aqui neste encontro, estamos por eleição, vocação.

É um caminho tomado e transitado desde há muito tempo.

Permanecemos nele na ação e na pausa. A devoção se manifesta.

Acolhemos e nos acolheram.

As sincronicidades parecem nos unir por instantes.

A harmonia se manifesta quando o individual começa a desmontar suas próprias camadas.

E vivenciamos, então, relâmpagos do fluir.

Agenda de atividades 2012


Local: SALA CETRANS – Rua Cláudio Soares 72 cj. 809/ Pinheiros

Cada Encontro será comunicado uma semana antes de sua realização

ABRIL
18/ QUARTA- FEIRA
das 20 às 22h

Diálogos TransD
A Homeostase Humana numa Visão Transdisciplinar
Eliana Araujo Nogueira do Vale

28/ SÁBADO
das 9 às 12h30
Experiências TransD
Multiplicidades: Sentido, consistência e historicidade do projeto estético livro-objeto de arte n-1 e suas variações
Adriana Caccuri et all
MAIO
16/ QUARTA-FEIRA
das 20 às 22h
Diálogos TransD
Paradigmas Metamórfico Desvelando a natureza dinonisíca do real
Yusaku Soussumi
26/ SÁBADO
das 9 às 12h30
Experiências TransD
Artefatos Imperfeitos - Uma reflexão sobre a construção dos objetos oriundos do descarte industrial através da visão do processo do Design (tese de doutorado UNICAMP)
Alessandro Faria
JUNHO
13/ QUARTA-FEIRA
das 20 às 22h

Diálogos TransD
Transformações Humanas
Aparecida Magali de Souza Alvares
30/ SÁBADO
das 9 às 12h30
Experiências TransD
Estética Autobiográfica como teoria e prática da Formação de Professores
Margaréte May Berkenbrock-Rosito

Espírito Transdisciplinar

Morro de Santa Vitória - Cezanni
Cezanne - Mount Sainte Victoire

Diz René Huyghe sobre O conhecimento da arte:


São numerosos aqueles para os quais a arte não passa de uma diversão, elevada, não há dúvida, mas diversão, um passatempo: são numerosos os que a respeitam só por conformismo e com um secreto desdém pela sua "inutilidade". Alguns não estão longe de a considerar um luxo.

No entanto, arte é uma função essencial do homem, indispensável ao indivíduo e às sociedades e que se lhes impôs como uma necessidade desde as origens pré-históricas. A arte e o homem são indissociáveis. Não há arte sem homem, mas talvez igualmente não haja homem sem arte. Por ela, o homem exprime-se mais completamente, portanto, compreende-se e realiza-se melhor. Por ela, o mundo torna-se mais inteligível e acessível, mais familiar. É o meio de um perpetuo intercâmbio com aquilo que nos rodeia, uma espécie de respiração da alma bastante parecida com a física, de que o nosso corpo não pode prescindir. O ser isolado ou a civilização que não têm acesso à arte estão ameaçados por uma imperceptível asfixia espiritual, por uma perturbação moral.

E aqui fica a questão: O que a existência do Belo – da Beleza – da Arte – da Estética significa para minha própria existência; para nossa existência?

 

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