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Cidades - Adriana Cacuri
Cidades – Adriana Caccuri  



Há alguns anos o CETRANS tem procurado explorar em seus encontros formativos a questão da emergência do sujeito. Várias são as publicações existentes sobre o tema. Mas a pergunta que se nos coloca é como compreender a emergência do sujeito a partir de uma visão, atitude e práxis transdisciplinar. Como se dá este processo? Quais são os desafios que ele nos traz?

Primeiramente vale salientar que há uma relação íntima entre a emergência do sujeito e o pilar da metodologia transdisciplinar Níveis de Realidade. Esta emergência é compreendida a partir da multirreferencialidade e da multidimensionalidade da realidade.

Assim, somos vários sujeitos, pois enquanto humanos participamos de várias dimensões da realidade – aqui entendida enquanto aquilo que pode ser concebido pela consciência humana e, também, a dimensão do Real – como referência absoluta e sempre velada. Sejamos nós conscientes deste fato ou não estamos inscritos nas dimensões da realidade e do Real.

Vivemos esses diferentes sujeitos que somos em cada uma dessas dimensões, inscritos desde uma realidade macrofísica, até uma realidade que poderíamos chamar de trans – que vai além da realidade concreta, sensível e que acede a dimensões de natureza do intangível, vivendo também realidades de natureza emocional, psíquica, mental, simbólica.

Tratar emergência do sujeito é abrir-se para uma vivência, um processo, uma descoberta impulsionada por conexões e por lapidações sucessivas que são, muitas vezes, acompanhadas de sofrimento. 

Nós, enquanto  vários sujeitos, no embate e desfrute da cotidianidade vamos nos  coformando rumo  a nossa   humanidade. Percepção, pessoas, intencionalidade são palavras significativas quando nos dispomos a adentrar esta seara. E de igual importância é a experiência de nossa corporalidade, de nosso corpo, se visto como um fenômeno, como uma plataforma semântica que nos ajuda a nos revelarmos a nós mesmos.

 



Sala CETRANS

A sala CETRANS, um acolhedor espaço inaugurado  em 11 de janeiro de 2012, localiza-se na Rua Claudio Soares, nº 72 cj. 809, Pinheiros. Desde então, todas as atividades do CETRANS têm sido realizadas neste ambiente gentilmente cedido por Vitoria M. de Barros.  Esperamos que os membros do CETRANS e aquelas pessoas que recebem este Boletim Interativo venham conhecê-lo e participar da programação oferecida mensalmente.

Workshop Continuum Movement – No último final de semana dos meses de maio e junho, Lali Jurowski Rohonyi, membro CETRANS, realizou workshop “Corpo Cristalino – Paisagens” baseados na prática do Continuum Movement, que trabalha a exploração das possibilidades oferecidas por movimentos organísmicos, ondulatórios, pulsantes e não-repetitivos. Mais informações em move@movimentumstudio.com.br www.movimentumstudio.com.br

 

Mostra do Livro N-1 no MUBE

Mostra Livro N-1 no MUBE

No dia 09 de maio aconteceu a abertura da Exposição “Imagens em Composições Digitais - Descrição: Escultura, Imagens e Processos na Criação” inspirada no Livro N-1 de Adriana Caccuri e colaboradores. Fez parte do evento uma apresentação da autora  e a performance Des-Apego, durante a qual várias pessoas receberam páginas do livro. Um coquetel, música ao vivo e leilão do livro-objeto nº 3, dos 30 exemplares publicados, fizeram parte dessa noite memorável.

 

 

 

 

Cleo Busatto

Cleo Busatto, membro do CETRANS, escreve mensalmente um boletim onde relata suas atividades profissionais como educadora, escritora e contadora de histórias. Na edição de junho ela fala sobre as dezenas de “Helenas” celebradas em narrativas – Helena , a bela,  a poeta, Helena de Tróia, as Helenas do Paraná, dentre tantas outras.  Há muito que aprender com tantas Helenas. 

Para receber as comunicações da Cleo e conhecer um pouco mais seu magnífico trabalho que transpira Transdisciplinaridade, mande um e-mail para cleobusatto@cleobusatto.com.br ou acesse www.cleobusatto.com.br.  

 

Saúde e Transdisciplinaridade

De fevereiro a junho foram realizados encontros mensais do “Grupo Aberto de Pesquisa: Saúde e Transdisciplinaridade”, com  o Dr. Patrick Paul e   apoio dos organizadores: Américo Sommerman, Aparecida Magali de Souza Alvarez e Gabriel Lescovar.  Alguns do temas trabalhados pelo grupo foram: apreender os problemas apresentados pelo aumento das doenças crônicas e suas consequências no campo da saúde; precisar a questão das representações em saúde; refletir sobre as suas consequências nos atos terapêuticos; introduzir a problemática dessas relações por meio do que fundamenta a epistemologia do saber disciplinar e por seus modos possíveis de resolução: pluri, inter e transdisciplinaridade.

 

Em Ser e Tempo Martin Heidegger escreve que a palavra grega “fenômeno” deriva de um verbo que significa “mostrar-se” e, por isso, fenômeno é o que se mostra, o que se revela, o que traz para a luz do dia e torna-se visível para si mesmo. Escolhemos, neste outono, explorar o fenômeno Mundo Virtual e refletir sobre os efeitos desse fenômeno que se instalou definitivamente em nosso mundo.

Entre tantos outros, dois conceitos definem o mundo contemporâneo: Atopia e Acronia - um mundo sem lugar e um mundo sem tempo. Nesse sentido, podemos dizer que o Mundo Virtual se caracteriza como um mundo sem lugares, distâncias, profundidades, qualidades, o mundo da Atopia e, também, por um mundo sem tempo no qual nada passa e nada fica, pois tudo coexiste sem passado e sem porvir, num presente interminável, o mundo da Acronia. O que poderá acontecer para nós, seres humanos que nos definíamos, até poucas décadas, a partir do Espaço e do Tempo, se perdermos essas duas dimensões, essa duas referências?

Dra. Marilena Chauí, em uma conferência pronunciada no Café Filosófico da TV Cultura, em 2010 tece considerações relevantes sobre paradoxos criados no mundo contemporâneo.  Ela cita Merleau-Ponty para elucidar um aspecto nuclear desta realidade: “Nós não somos uma consciência cognitiva pura. Nós somos uma consciência encarnada num corpo. O nosso corpo não é um objeto tal como descrito pelas ciências. Mas é um corpo humano, isto é, habitado e animado por uma consciência. Nós não somos pensamento puro, porque nós somos um corpo. Mas nós não somos uma coisa, porque nós somos uma consciência.” E o que é o nosso corpo? Por onde começa e passa o que percebemos, sentimos?

Acrescenta a filósofa que o corpo humano tem peculiaridades: vemos e somos vistos, isto é, nosso corpo é visível vidente, além de poder se ver vendo. Ele é táctil, e pode se tocar e ser tocado e, assim, com as outras sensibilidades que possuímos: ele pode ouvir e ser ouvido e se ouve quando emite sons; faz movimentos, ele é um móvel movente que move as coisas e move a si próprio. Portanto, ele não é uma máquina que opera por comandos, um feixe de carne e sangue, nem uma rede autônoma cujo metabolismo opera por causa e efeitos, mas é um ser sensível que é sensível para si mesmo. Além disso, diz ela que o corpo pode ver e ser visto por um outro, tocar e ser tocado por um outro, percebe a existência de uma outra voz, percebe um outro humano que é habitado por uma consciência semelhante a sua. Cada corpo é um modo de ser no mundo. Isso significa que formamos uma intercorporeidade porque somos habitados por uma consciência encarnada e, porque há essa consciência, formamos uma intersubjetividade no mundo. É uma rede concreta perpassada pelo tempo e localizada num espaço. Essa é a forma da nossa percepção para um mundo onde existe o passado, o presente e o futuro, que são os modos que nos ajudam a perceber e ser percebidos e que tem um lugar, um topos, que habita.

Expressa a filósofa que nesta nova sociedade o conhecimento se define em termos de Informação e Processo. Não temos mais ideias, conceitos, seres a priori, mas seres em permanente mutação onde os fluxos de informação se organizam, se combinam e se recombinam com estruturas que atuam autonomamente. Para vivermos e convivermos num mundo assim organizado, nossa estrutura perceptiva terá que mudar?

A questão que se nos coloca agora é: como poderemos conviver num mundo sem espessura temporal e espacial onde o nosso corpo se reduz de um lado à percepção visual de imagens planas ou em 3D que são fugazes e, do outro, à atividade mecânica de controle de operações e sinais propostos pelos autômatos, os computadores, iPads, Smartphones, iPhones, etc, que possuímos e nos controlam muito mais que os controlamos?

Algo em nós está mudando, inexoravelmente, porque nos é demandado reinventar um outro modo de sentir e perceber para darmos conta de tal mudança e contradição: o sujeito que emerge hoje está fadado a um novo modo de existir que tem como condição a atopia/acronia e como essência um corpo/consciência que percebe e dialoga com o mundo de forma bem diferente daquela a que estávamos acostumados. As novas formas já estão nascendo, se atualizando...
Saiba mais:  http://www.youtube.com/watch?v=X5d1TBpXrq0

 

UA Comunicação

O trabalho desta UA incluiu o desenvolvimento de um conjunto de elementos formais – logotipo, símbolos visuais, cores, assinaturas eletrônicas - que representam visualmente os valores nucleares e política do CETRANS e suas respectivas Unidades de Ação.  O novo layout do Boletim Interativo  já celebra o resultado desse trabalho de identidade visual  refletido em suas comunicações eletrônicas.

Banco de dados membros CETRANS - na intenção de atualizarmos o cadastro dos membros CETRANS gostaríamos de poder contar com a sua contribuição atualizando as seguintes informações: email de contato, endereço para correspondência, telefone e biodata. Para preencher esses dados, acesse o formulário  disponível no link  Clique aqui para responder ao questionário

UA Comunidade

Uma das atividades da UA Comunidade é o encontro mensal denominado Experiências Transdisciplinares. Eles acontecem sempre no último sábado do mês, das 9h às 12h, são gratuitos e abertos aos membros do CETRANS e ao público em geral. Este é um momento de trocas espontâneas. Um saboroso café da manhã é oferecido, seguido de uma apresentação profissional presencial ou virtual, de reflexão e diálogo sobre uma experiência fundamentada na transdisciplinaridade.

Em 28 de abril, a Companhia de Aprendizagem apresentou na Sala CETRANS, o Livro N-1 de  Adriana Caccuri, obra criada com a colaboração magnífica de Monica O. Simons, Marly Segreto, Heloisa Helena Steffen e Teresa Cristina Bongiovani.  Na ocasião, foi apresentado por todas elas o extenso e complexo processo de composição do livro, usando para tanto, vários materiais, fotos, gráficos e por fim, o próprio livro objeto já primorosamente editado: “um livro que permite variações sendo ele mesmo a multiplicidade em n-dimensões”.

 

O projeto deste livro nasceu conjugado à dissertação de Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital defendida por Adriana Caccuri na PUC de São Paulo. Adriana é uma das coordenadoras da Cia de Aprendizagem. Participaram dessa edição como autores convidados Américo Sommerman, Carlos Alberto Felippe, Christian Trombeta, Cléo Busatto, Edson Tani, Gaston Pineau, Hélène Trocmé-Fabre, Heloisa Helena Steffen, Joaquim Maria Botelho, Lucia Santaella, Maria F. de Melo, Marly Segreto, Monica O. Simons, Néle Azevedo, Pascal Galvani, Patrick Paul, Regina C. M. Kopke, Ruth Guimarães Botelho, Ruth Zumelzu, Winfried Nöth e Ubiratan D´Ambrosio.

Os presentes na apresentação coletiva puderam apreciar um momento significativo para a Companhia de Aprendizagem, que sem dúvida será lembrado por muito tempo, como um dos mais importantes e interessantes eventos do CETRANS deste ano.

Vicente Góes, Alessandro Faria, Vera Laporta

No dia 02 de junho, Alessandro Faria, Professor de Design da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia e pesquisador dos assuntos relacionados à Cultura Popular e  Artesanato, apresentou na Sala CETRANS sua tese de doutorado “Artefatos imperfeitos – um estudo sobre o desenvolvimento de objetos a partir do descarte industrial”. Este seu projeto, que já se estende por dois anos, mostra alguns aspectos sociais e ambientais  deixados no século XX como legado através do design.   Alessandro também tratou questões relacionadas à  da  obsolescência planejada (função, qualidade, desejabilidade), consumo excessivo de bens e serviços, lixo industrial e  abordou a construção de objetos construídos informalmente.

O palestrante, além de discorrer sobre sustentabilidade e obsolescência dos materiais na visão de vários teóricos, mostrou a pesquisa que realiza no centro de São Paulo, onde resgata elementos para seu estudo sobre objetos construídos pelos catadores de lixo – um trabalho árduo, instigante e ao mesmo tempo inusitado. O conteúdo da palestra suscitou nos presentes a saída de uma situação de conforto, levantando questionamentos e descortinando uma realidade que nos passa desapercebida no dia a dia de nossas ruas.
                   

Participantes do evento Margaréte May

Para encerrar o semestre, e com chave de ouro, o ciclo de encontros Experiências TransD, no dia 30/06 a professora Margaréte May Berkenbrock-Rosito proferiu a palestra Estética Autobiográfica como teoria e prática da Formação de Professores, quando mostrou uma reflexão sobre a relevância da Estética e autobiografia no processo de formação de professores e pesquisadores, a partir da matriz conceitual de estética e autobiografia presente na obra de Paulo Freire.

Margaréte May, após discorrer sobre sua trajetória de vida – familiar, acadêmica e profissional - contou como os ensinamentos dos mestres por quem passou, especialmente Emília Ferreiro, Magda Soares e, no mestrado, Paulo Freire, foram importantes na sua formação como pessoa e como profissional. Apresentou também, desde o início, como foi “descobrindo” a maneira de trabalhar na formação de professores, trabalho esse que, segundo ela mesma diz, “só é possível se construído com os próprios alunos”, no resgate da relação de cada um com o conhecimento, com a profissão e consigo mesmo.

Alunos e colegas da professora na UNICID, membros do CETRANS e convidados presentes ao evento aproveitaram desta oportunidade única de reflexão que Margaréte proporcionou, que, com certeza impulsionou o pensar - agir transdisciplinar de cada um.  

UA Formação

Nesse outono, os encontros formativos Diálogos Transdisciplinares contaram com a participação de:                                        

Eliana Araújo Nogueira do Vale


Eliana Araujo Nogueira do Vale, que em abril abordou o tema Sistemas Regulatórios no Ser Humano.  Eliana apresentou um histórico muito esclarecedor sobre o desenvolvimento da Neurociência, e mais especificamente tratou como os sentimentos emocionais podem ser criados em cérebros biológicos. Foram também tecidas considerações sobre evolução e adaptação e apresentados modelos de regulação fisiológica e regulação do afeto. A apresentação cuidadosa e criteriosa facilitou o entendimento das ideias apresentadas e propiciou um diálogo vivo entre os presentes.

 

 

Américo Sommermann,  que em maio, apresentou sua tese de doutorado, intitulada: A Interdisciplinaridade e a Transdisciplinaridade como Novas Formas de Conhecimento para a Religação de Saberes no Contexto da Ciência e do Conhecimento em Geral: Contribuição para os campos da Educação, da Saúde e do Meio Ambiente. 

A tese apresentada ao Programa Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento da Universidade Federal da Bahia trata da separação entre as diferentes formas de conhecimento como o mito, a filosofia, a teologia, a ciência moderna, a arte, as tradições de sabedoria, a experiência e, mais recentemente, entre as diferentes áreas e entre as disciplinas acadêmicas.  Nela Americo aborda o objeto, o método e a finalidade de cada uma dessas diferentes formas, o papel da Interdisciplinaridade e da Transdisciplinaridade, a religação entre subjetividade e objetividade, como também a religação entre os modelos citados e outras formas de conhecimento.  Certamente, a pesquisa realizada é uma contribuição robusta para a compreensão e o exercício da inter e da transdisciplinaridade. Parabéns, Américo, por mais este legado!

Christiane Isabelle C.  Murville


Na sala CETRANS, no dia 13, quarta feira pp,  tivemos a oportunidade de ouvir a Christiane Isabelle Couve Murville falar sobre Ciência e Transcendência: um novo paradigma antropológico.  

Considerações por ela feitas sobre Teoria da Relatividade e Teoria Quântica, a questão do Éter e do Vazio e a reflexão filosófica sobre imanência e transcendência  foram muito esclarecedoras e instigantes. O diálogo vivo que seguiu a sua fala trouxe novas possibilidades de aproximação ao tema.

 

 

 

UA Gestão

Declarações Filosóficas – Estão sendo revistas e reelaboradas as declarações filosóficas dos coordenadores das  UAs. Através delas são explicitados os princípios que inspiram e norteiam as ações de cada uma das UAs e do CETRANS como um todo.

Planos de Ação -  Para planejamento das atividades a curto, médio e longo prazo do CETRANS estão sendo elaboradas pelas UAs. Estratégias de governança e de execução estão sendo pensadas, discutidas e definidas.

UA Publicação

A UA Publicação tem trabalhado com afinco para fazer circular e disseminar novas ideias e novas obras que possam ajudar na compreensão e consequente aplicação dos conceitos da Inter e da Transdisciplinaridade - ITD. Temos programado para o próximo semestre os lançamentos de dois livros importantes, que vão contribuir para aprofundar nossa percepção e impulsionar nossa ação nessa direção:

1.  O que é a Realidade? De Basarab Nicolescu, onde ele desenvolve uma abordagem da “realidade” que complementa àquela desenvolvida no Manifesto da Transdisciplinaridade. Ele nos mostra que a palavra realidade adquiriu muitos sentidos, mas o conceito dominante no último século fundamentava-se na ciência clássica. Basarab escreve no prefácio do livro:


Ela(a ciência clássica) nos assegurava de que nós vivíamos em um mundo racional, determinista e mecanicista, destinado a um progresso ilimitado. O espantoso acontecimento de 11 de setembro de 2001 fez voar em pedaços essa crença da modernidade. Mas, como nossa capacidade de esquecimento é infinita, atualmente nós retornamos a ela. No entanto, a tripla revolução que atravessou o século vinte – a revolução quântica, a revolução biológica e a revolução informática – deveria modificar profundamente a nossa visão da realidade.
Neste livro, torno minha a afirmação feita, em 1948, por Wolfgang Pauli, prêmio Nobel de Física e um dos fundadores da mecânica quântica: “(...) a formulação de uma nova ideia de realidade é a tarefa mais importante e a mais árdua de nosso tempo”. Mais de sessenta anos depois, essa tarefa continua inacabada.
Para ilustrar essa busca trago, como caso exemplar, a obra de Stéphane Lupasco (1900-1988). Sua filosofia do terceiro incluído é importantíssima no caminho rumo a um novo conceito de realidade. Mas ela assume todo o seu sentido ao entrar em diálogo com minha própria abordagem transdisciplinar, baseada na noção de níveis de realidade, noção que introduzi em 1982.


O livro O que é a Realidade? contém os seguintes capítulos:

  1. A obra de Stéphane Lupasco: visão panorâmica
  2. No centro do debate: o terceiro incluído 
  3. Níveis de realidade e múltiplo esplendor do Ser
  4. Jung, Pauli e Lupasco diante do problema psicofísico
  5. Stéphane Lupasco e Gaston Bachelard: sombras e luzes
  6. Do mundo quântico ao mundo da arte
  7. O terceiro incluído, o Teatro do Absurdo, a Psicanálise e a morte
  8. Deus
  9. O diálogo interrompido: Fondane, Lupasco e Cioran
  10. Abellio e Lupasco. Um ideal compartilhado: a conversão da ciência
  11. Conversa com Edgar Morin
  12. Para não concluir

2.  Cinco Meditações sobre a Beleza de François Cheng . Nessa pequena obra de arte Cheng desenvolve um panorama muito tocante e pessoal da estética ocidental e oriental e, em particular a chinesa, nos levando a desvelar os diferentes conceitos do Belo e da Beleza de forma profunda e transcendente. Muitos de seus textos foram utilizados por nós no IV Encontro de Membros de 2012.

 



2012 – AGENDA de ATIVIDADES
Local
: Sala CETRANS – Rua Claudio Soares, 72 cj. 809/ Pinheiros
Todas as atividades serão comunicados com uma semana de antecedência


ATIVIDADE DATA HORÁRIO

Diálogos TransD

15/agosto
19/setembro
17/outubro

20h às 22h
Quarta-feira

Experiências TransD

25/agosto
29/setembro
27/outubro
09h às 12h
Sábado

Ação de Membros
The Meaning of Life
Mediação: Maria F de Mello e Vitória M de Barros

08 e 22/agosto
12 e 26/setembro
10 e 24/outubro
7 e 21/novembro
5 e 12/dezembro
das
19h30 às 22h
Quarta-feira

Assembléia CETRANS Celebração de Fim de Ano

24/novembro 09h às 13h

 


A Arte e os Níveis de Realidade

Um dos conceitos chave da transdisciplinaridade é o de Níveis de Realidade. Escreve Bassarab Nicolescu que:

Nível da Realidade é o conjunto de sistemas invariante de acordo com certas leis gerais: por exemplo, entidades quânticas estão subordinadas a leis quânticas, que se afastam radicalmente das leis macrofísicas do mundo. Isso quer dizer que dois níveis da Realidade são diferentes se, enquanto passam de um para o outro, existe uma falha das leis aplicáveis e nos conceitos fundamentais (como, por exemplo, a causalidade). Por isso, existe uma descontinuidade na estrutura dos níveis da Realidade. Cada nível da Realidade está associado com o seu próprio espaço-tempo.

Levando em consideração este conceito, podemos encontrar nas Artes, modelos que nos mostram em qual nível cada obra se integra,  ou em que nível o artista operou no momento de sua criação ou ainda qual nível do sujeito-espectador o artista almeja ou pode atingir com sua obra.

Vênus – Di Cavalcanti

Tomando por base para este pequeno estudo a divisão feita por Américo Sommerman em seu artigo “Pedagogia da Alternância e Transdisciplinaridade”, o primeiro nível de Realidade, o corporal,  é regido basicamente pelos desejos corporais, sendo seu aparato perceptivo os cinco sentidos; o segundo nível, o psíquico,  é regido basicamente pelas emoções e pelos pensamentos, cujo aparato perceptivo é constituído pela razão, pelas representações e pelas formulações mentais; o terceiro nível, o anímico, é regido basicamente pelos sentimentos e pelas formas imaginais e o aparato perceptivo, constituído pela inteligência e pela intuição. Já o  quarto nível, o espiritual - o das essências e dos arquétipos primordiais - é regido pelo amor e pela compaixão e o aparato perceptivo, é a visão extática.

Neste relato, escolhemos  exemplificar esses níveis,  através de três obras:
O  primeiro nível de realidade pode ser identificado no quadro de Di Cavalcanti, (1897-1976) “Vênus”, no qual o pintor modernista, mostra toda a beleza física da mulher brasileira, fazendo desses corpos uma composição sensual que toma todo o espaço da tela e ao mesmo tempo, impetuosamente, o olhar e os sentidos do espectador.

Segundo
As Meninas – Diego Velasquez 

O segundo nível de realidade, o psíquico, pode ser admirado no quadro “As Meninas” do pintor espanhol barroco Diego Velásquez (1599-1660), que além de mostrar explicitamente cena constituída pelas crianças da família real espanhola da época, introduz seu próprio retrato na cena e ainda, veladamente, através do reflexo no espelho, outros  observadores do momento, os próprios reis de Espanha – Felipe IV e sua esposa, Mariana de Áustria. Tudo está exposto ao espectador do quadro, seu olhar percebe todos os signos representativos, a ordem nua da Idade Clássica e de seus modos de ser que será rompida no século XIX. Sua interpretação é de reveladora complexidade econômica, social e cultural, amplamente discutida na obra de vários pensadores.

Para o terceiro nível, o  anímico, que faz  ligação  entre o tangível  e o intangível escolhemos a aquarela do poeta  e pintor inglês, William Blake (1797-1827) “A escada de Jacó”,  que retrata o sonho de Jacob, do Livro do Genesis, 28,12: “Então Jacó sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela”(...)

A escada de Jacó – William Blake

A escada sobe em espiral, erguendo-se aos céus em direção ao resplendor da divindade, que surge como um disco solar no plano superior da aquarela. Grupos de figuras cruzam-se, subindo e descendo as escadas: anjos alados; duas figuras com cântaro e tabuleiro à cabeça; grupos de mulheres e crianças; crianças conduzidas pela mão ou levadas aos ombros; todos parecem trocar olhares, palavras e abraços, quando se cruzam na felicidade desses movimentos ascendentes ou descendentes. Aos pés da escada, Jacob dorme deitado sobre a terra, a cabeça pousada numa pedra. A visão onírica, isto é, a imagem produzida durante o sono, é uma das formas que a visão interior assume nos poemas e nos desenhos de William Blake. (Manuel Portela)

Mais do que representar uma escada, William Blake nesta aquarela torna possível representar, aquilo que, na sua maneira particular de desejar e entender o mundo, une o céu e a terra.
 E o  quarto nível de realidade - o da emanação, do vazio, do silêncio, do intangível, do inefável - seria a música das esferas o  melhor meio de representá-lo?


 

UA Comunicação – Ana Karina de Sousa
UA Comunidade – Vera Lucia Laporta
UA Formação – Maria F. de Melo
UA Gestão – Vinicius Alexandre do Santos Almeida
UA Publicação – Vitória M. de Barros