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Mechthildof Magdelburg (1212 – 1277)
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Amar-te continuamente é Minha Natureza
Pois Eu Mesmo sou Amor;
Amar-te fervorosamente é Meu Desejo
Pois eu anseio ser enormemente amado.
De amar-te há muito vem Minha Eternidade
Pois sou duradoura e sem fim.
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That I Love thee continously is My Nature
For I Myself am Love;
That I love thee fervently is My Desire
For I long to be greatly loved.
That I love thee long comes from My Eternity
For I am ever lasting and without end.
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O sagrado não implica a crença em Deus, em deuses ou em espírito. Ele é (...) a
experiência de uma realidade e a origem da consciência de existir no mundo.
Mircea Eliade (1907-1986)
Para os ENCONTROS TD do CETRANS um foco temático é escolhido a cada ano. Na maioria das vezes, estes encontros se realizam no último sábado de cada mês. Em 2014 o foco temático foi Transdisciplinaridade & Saúde. Em 2015 será Trandisciplinaridade: o símbolo & o sagrado.
O ‹‹Símbolo›› é uma representação que contém diferentes camadas de significação e que permite às pessoas irem além do que está visto, do que é conhecido. Ele representa algo outro por associação, semelhança ou convenção. O símbolo está no lugar de algo abstrato. Ele resulta em sentido mais profundo e significativo e representa conceitos, experiências, ideias, objetos ou relações e os comunica. Os símbolos se veiculam através de expressões plásticas, sonoras, gestuais, narrativas, poéticas e podem mudar de sentido dependendo de seu contexto cultural.
Nos Encontros TD de 2015, o símbolo será explorado enquanto expressão do sagrado.
O ‹‹Sagrado›› pouco ou nada tem a ver com dogma ou doutrina. Ele simplesmente significa estar em um processo de tentar reunir os fragmentos, unir o finito com o infinito, de forma que ambos formem um grande todo. “Uma vez que enquanto seres humanos estamos continuamente envolvidos em um processo de tentar localizar nossos selfs/si mesmos finitos dentro da infinitude, encontrar o sagrado é um processo que toca a cada um, seja ele alguém que crê ou que é ateu.” (Karen Voss, 2004)
O sagrado nos leva a compreender nossa finitude na infinitude. Ele nos revela o sentido de nossa existência, nos torna conscientes de seu significado e nos faz compreender a odisseia interior que somos chamados a realizar.
O sagrado é o contato com a realidade infinita e eterna que existe além da finitude, é o magnum opus da alma com o Espírito. O sagrado é a elevação da alma perfeita − humildade, amor, sabedoria [discernimento, desapego, objetividade] − ao espírito Divino (Lings, 2004). O sagrado é o religio perennis a via da santificação, a essência das religiões: um pacto entre o humano e o transcendente.

Assembléia do CIRET
Em Paris, no dia 15 de dezembro de 2014, o Centro Internacional de Estudos Transdisciplinares – CIRET, realizou uma Assembleia Geral Extraordinária. Nessa ocasião diversos estudiosos eminentes da TD dialogaram sobre o tema “O Terceiro Velado nos diferentes domínios do conhecimento”. Estes vídeos foram colocados em rede no canal de vídeo do CIRET e estão disponíveis no link:
https://www.youtube.com/channel/UCGIfETWVop6uGU0ojYHboBw
TD no México
Desde 2009 a iniciativa EcoDialogo na Universidade Veracruzana de Xalapa, México, através do trabalho efetivo de Cristina Nunez e sua equipe, desenvolve diversos programas e atividades de cunho TD. Foi criado, também, nesta Universidade, um programa de doutorado em Transdisciplinaridade, onde Basarab Nicolescu esteve recentemente ministrando duas semanas de curso intensivo sobre a metodologia TD. Ele manifestou sua alegria em ver que a EcoDialogo adquiriu uma maturidade e um progresso considerável no âmbito da TD. Saiba mais: https://www.youtube.com/watch?v=O4E7h8A6sfQ
Entre outras ações que se desenvolvem no México no campo da TD, Basarab destaca: a) o Centro de Estudos Universitários Arkos de Puerto Vallarta dirigido por Angelica Castañeda Martinez e onde Pascal Galvani, um dos colaboradores mais antigos do CETRANS, desenvolve trabalhos relevantes; b) a Multiverdidad Mondo Real "Edgar Morin" de Hermosillo, onde Edgard Morin tem um papel essencial para a construção e difusão no âmbito da TD. Uma das principais missões do CIRET, diz Basarab, é a transmissão de conhecimentos transdisciplinares e no México esses centros são um lugar exemplar de criação, desenvolvimento e fomento desta metodologia.
Impressões de Vicente Góes sobre uma imersão no Projeto Integral Leon Dormido, no Equador.
Neste verão, Vicente esteve em uma comunidade intencional que busca uma forte integração e ativação do potencial humano através da educação e da economia. Todo trabalho nesta comunidade é desenvolvido a partir da estruturação de ambientes tranquilizadores, acolhedores e harmoniosos e na relação de amor e respeito. A realidade básica é que em ambientes assim preparados, organismos vivos podem dedicar-se ao desenvolvimento interior através da ação espontânea. Nesta visão, não é cabível falar em educação, mas sim de processos de vida em pleno desenvolvimento. Através de inúmeras conversas riquíssimas com Maurício Wild, fundador da comunidade, Vicente chegou à compreensão que uma Comunidade é um efeito resultante de desenvolvimentos pessoais, em que as pessoas, independente da idade, se acompanham mutuamente.
Em Leon Dormido, nenhuma ação se fundamenta em ideologias já constituídas, cada ação é tomada face à escolha profunda de respeitar e defender processos de vida. Daí, então, a necessidade de estruturar uma economia alternativa que permita às famílias dedicar seu tempo ao acompanhamento de seus próprios processos, assim como dos processos de crianças e de adultos que participam da comunidade. Esta é deveras uma mudança de paradigma muito simples, profunda e forte, a qual envolve essencialmente uma escolha, mais do que qualquer conhecimento, para apoiar e embasar decisões. Esta escolha é a de viver respeitando processos de vida fazendo com que uma dada organização social re-priorize a integração homem-si-mesmo e homem-cosmos, frente a possibilidade quase obrigatória de acompanhar e nutrir processos baseados no ganho econômico e na manutenção do poder em sua expressão estritamente financeira. Foi muito rico viver uma expressão TD com tanto vigor e integridade!
Estas duas fotos me tocaram integradamente: uma pela tradição, objetividade, força e graça e, a outra, pela amplidão e serenidade.

SHOKEN é a palavra japonesa para ENCONTRO. Na desafiadora tarefa de traduzi-la, ela é expressada de muitas formas. Esta dificuldade cresce quando ela se encontra em textos poéticos onde a multiplicidade de sentidos coabitam para transmitir uma impressão profunda que foi acessada.
Comumente SHOKEN é interpretado como ‹‹ver-se mutuamente››, quando se trata, por exemplo, aluno/professor. No contexto do ensinamento Zen Budista ela é também traduzida por ‹‹reconhecimento mútuo››.
A compreensão de SHOKEN pode ser facilitada se a opusermos a uma outra palavra japonesa AYAMARU que significa ERRO, ENGANO, e que está sempre relacionada com a ideia de ser confuso, deixar de compreender, perder a visão de, passar por cima, ou ainda, lidar com algo de forma incorreta. A contradição inerente a estas duas palavras facilita melhor compreender ambas.
Neste sentido, a cada Encontro algo se esclarece, se elucida, instrui ou deixa uma semente do novo, a abertura para nova possibilidade. Cada Encontro é uma brecha para um maior entendimento do Si-Mesmo; e isso acontece porque a cada Encontro aí está o Si-Mesmo/Outros para tornar isso possível.
É o Si-Mesmo/Outros que aporta ao Encontro uma magnitude silenciosa, que está aí para ser experienciada. É experiência do Si-Mesmo através dos Si-Mesmo/Outros que pode nos tirar da gaiola do desconhecimento. Os Encontros se dão a todo momento, mas será que estamos lá para reconhecê-los?
Fala-se se muito de escuta sensível na TD, mas pouco dela se compreende. Escuta sensível tem a ver com Encontro, pois esta é uma experiência e compreensão de Si-Mesmo e do Si-Mesmo/Outros. Assim, o tão almejado caminho evolutivo é feito de Escuta/Experiência/Compreensão, forças viventes em cada Encontro.
[Reflexão inspirada pelo First Dogen Book de Dogen Zenji’s Shobogenzo]

UA Comunicação
Neste período estival, a UA Comunicação esteve voltada para a organização e atualização das listas CETRANS, tanto a de membros quanto daqueles que se mostraram interessados na ITD.
Coube a esta UA, também, convidar pessoas interessadas a se tornarem membros e que certamente enriquecerão o quadro efetivo da Comunidade CETRANS.
O CETRANS está aberto para novas afiliações.
Contato: Vera Laporta
uacomunicacao@cetrans.com.br
UA Comunidade
A UA Comunidade inicia 2015 com o firme propósito de primar pela agilização de um diálogo vivo com os Membros CETRANS e promover a interação via comunicações formativa e informativa, bem como postagens referentes a datas comemorativas.
Em 2015 é nossa intenção explorar e compreender a constituição, função e peculariedades de grupos disciplinares - multi - inter - transdisciplinares, incluindo o conceito e o exercício do que se nomeia ‹‹Alma de Grupo››.
UA Formação
Neste verão, cada coordenadora das UAs ̶ UA Comunicação, UA Comunidade, UA Formação, UA Gestão e UA Publicação - se dedicou a rever suas respectivas Declarações Filosóficas para o CETRANS. A cada ano este exercício aporta ajustes e inovações significativas que ecoam aprimoramentos e avanços na compreensão de suas funções, intenções e propósitos. A partir destas Declarações individuais é elaborada a Declaração Filosófica CETRANS.
Neste período também teve início um processo formativo das coordenadoras diretamente ligado ao tema ‹‹Alma de Grupo››. Dentre os referenciais epistemológicos, metodológicos e ontológicos abordados salientamos o esquema da Psicossíntese de Roberto Assagioli e também, o estudo dos planetas e seus regentes esotéricos segundo a teoria dos Sete Raios como apresentados na Astrologia de Alice Bailey.
UA Gestão
De dezembro/2014 a março/2015 esta UA se ocupou da reorganização do repositório eletrônico do material CETRANS e colocou sua intenção/ação no aprimoramento da gestão inter e transdisciplinar. Este foi o início do processo de Curadoria CETRANS, que envolve todas as UAS no propósito de zelar e vivificar o branding CETRANS, de maneira que esta se fortaleça e tenha cada vez mais expressividade no universo do conhecimento. Neste sentido, o CETRANS se caracteriza como uma marca de construção e divulgação do conhecimento TD e de formação humana em transdisciplinaridade.
Sendo o CETRANS uma Comunidade de amigos, sua sustentação material e obtenção de recursos financeiros para manter e expandir suas atividades é sempre um desafio. Neste verão iniciamos um estudo de várias ações que serão implementadas com a finalidade de fazer face a este desafio. Para tal, já contamos com a colaboração de jovens membros.
UA Publicação
Pascal Galvani, anunciou a publicação do livro Transdisciplinarity: past, present and future/ Transdisciplinariedad: pasado, presente y futuro, in Ana Cecilia Espinoza Martinez e Pascal Galvani (Ed.), Transdisciplinariedad y formación universitaria - teorias y prácticas emergentes, CEUArkos, Puerto Vallarta, Mexico, 2014. Trata-se de uma publicação coletiva decorrente da investigação-ação transdisciplinar realizada com a Universidade Arkos de Puerto Vallarta, México, denominada Transdisciplinariedad y Formación Universitaria: teorías y prácticas emergentes.
http://www.ceuarkos.com/ceua/

Data |
Tema |
28 de março das 9h às 12h |
Transdisciplinaridade: o símbolo & o sagrado na Arquitetura |
25 de abril das 9h às 12h |
Transdisciplinaridade: o símbolo & o sagrado na Astrologia |
maio |
Encontro de Membros – Momento 1
Transdisciplinaridade: o símbolo & o sagrado
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junho |
Encontro de Membros – Momento 2 e 3
Transdisciplinaridade: o símbolo & o sagrado
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27 de junho das 9h às 12h |
Transdisciplinaridade: o símbolo & o sagrado na Filosofia
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Vênus, a deusa que saiu dos mares
Vênus nasceu diretamente da castração de Urano – Pai e criador do Universo e que tem uma natureza celeste. Urano foi castrado por Cronos, seu filho. Desta castração, parte do sangue e esperma de Urano caiu no mar e dela nasceu Vênus que tem a mesma natureza celeste do Pai com sua vitalidade de criação. Venus é uma deusa livre que escolhe seus amantes e que reconhece seus próprios valores. Simbolicamente, Vênus é representada por uma cruz com um circulo em cima.
A encarnação sobre a terra (a cruz) sob o guarda-chuva do Si-Mesmo (o círculo). Ou ainda a arte de deixar emergir a consciência (Sol) a partir das experiências vividas no aqui e agora (a cruz). A posição superior do círculo sobre a cruz estabelece a soberania do Espírito sobre a matéria, o que se traduz pelo fogo (o Sol) que dirige a matéria (a cruz). É a consciência que emerge da experiência.
Vênus é o arquétipo da forma, pois é ela quem constroi a forma ideal para o Si-Mesmo. Sua faculdade cognitiva é a imaginação. A palavra Vênus se origina da raiz indo-europeia «Wen» que significa desejo, portanto, o tema prazer e sedução está ligado a ela.
Dentre as funções de Vênus podemos salientar:
1. construir uma forma através da qual o arquétipo possa se mostrar, se exprimir;
2. harmonizar os contrários, sua grande questão, para que emerja um padrão significativo e que tenha sentido;
3. usar a sedução e o contínuo julgamento dos valores como estratégia para evitar a angústia, o que pode se tornar patológico.
A noção da Beleza está intimamente ligada a Vênus. Sua grande expressão é a ARTE, aqui entendida como aquilo que dá forma ao inefável. Há uma curiosa maneira de se aproximar do significado da palavra A R T [E] através das vogais e consoantes que a formam: A = a primeira letra do alfabeto e simboliza o inefável; R = o movimento por meio do qual Mercúrio torna o que é Belo tangível e T = Terra. Portanto, ART[E] é tornar a Beleza, o inefável [Vênus], em movimento pela articulação de Mercúrio, expressa e conhecida sobre a Terra.
Vênus, a Deusa e a grande amante da Beleza, encontra Dionísio e com ele tem um filho, Príapo, que nasce feio e por esse motivo ela o rejeita e o abandona por ter vergonha da sua feiura. Este se torna o constante desafio de Vênus: aceitar o feio, aceitar sua vergonha, aceitar o fato de ser diferente num mundo que não reconhece diferenças. Devido a essa dificuldade de viver plenamente a diferença, de aceitar a vergonha, ela bloqueia sua criatividade. A vergonha é o último obstáculo, o último véu, que a protege do contato com o Si-Mesmo, com o seu centro vital que, ao se desvelar, permite a plenitude interior e, consequentemente, a expressão de sua criatividade.
Outro desafio de Vênus é seu casamento com Hefaistos que é feio e disforme. Contudo, ele é o deus ferreiro que fabrica as joias e os instrumentos dos deuses. Ele é quem mais conhece o fogo e a vida da matéria e os segredos que a esculpem. Hefaistos, filho de Zeus e Hera, ao nascer é jogado do Olimpo pela mãe por ser feio. Ao cair na Terra, machuca um dos pés e começa a mancar. Zeus o recolhe e, mais uma vez, Hera o joga do alto quando Hefáistos machuca seu outro pé. Hera teve vergonha da feiura de seu filho, assim como Vênus teve de seu marido e, como vimos, vergonha é a ferida de Vênus que ela precisa curar para que possa se contatar com o mais profundo de si mesma. A Beleza de Vênus é a consequência da arte de seu esposo. Joias e armas prendem e desprendem as ligações, aquelas do casamento e da morte. E criar e destruir as ligações, não seria a grande tarefa de amor em que Vênus se tornou a grande mestra?
As chagas de Vênus são duas: uma é a vergonha da feiura e sua redenção é lidar com esse sentimento que bloqueia sua criatividade; a outra é o medo da discórdia, pois ela tem dificuldade em acolher o conflito. A harmonia que ela tanto deseja vem com os opostos que se reconciliam e é graças ao conflito que uma harmonia maior pode emergir.
A grafia de Vênus codifica sua função astrológica: 1) permite a emergência do Sol na Terra, da consciência a partir da experiência (o sentido dos valores), do fogo que dorme nas coisas (a beleza), do amor que permite a cada um de crescer dando o melhor de si; 2) ou seu contrário, a perda de seu Sol em beneficio das coisas da Terra - a «venalidade» oriunda da raiz veneris de onde se origina a palavra «Vênus». Tudo depende do que o círculo ou a cruz possam trazer para este processo.
Dito de outro modo, a grafia de Vênus representa um fogo solar que escoa sobre a cruz da matéria. Isso é assim em todas as formas de amor, mas também entre os amantes, na gravitação, na atração sexual, nos encantamentos, na sedução, nos contratos… por toda parte onde uma «cola» liga a matéria, os corpos ou as ideias (contrato) e produzem uma obra de luz e, idealmente, mais Beleza.
[A partir de uma conferência de Luc Bigé no www.baglis.tv]
UA Comunicação – Vera Lucia Laporta
UA Comunidade – Heloisa Helena Steffen
UA Formação – Maria F. de Mello
UA Gestão – Dalva Alves
UA Publicação – Vitoria M. de Barros